domingo, 8 de janeiro de 2012

MONTEIRO LOBATO



Em 18 de abril comemora-se o aniversário de Monteiro Lobato, cujas obras infantis são consideradas um marco para a literatura infantil e juvenil brasileira. Sua primeira obra dedicada às crianças, Narizinho Arrebitado – Segundo livro de leitura para uso das escolas primária, foi publicada em 1921. Com uma tiragem inicial de 55.000 exemplares, a obra foi um sucesso na época e o governo do estado de São Paulo transformou-se no principal comprador de Lobato, adquirindo 30.000 exemplares.
Sobre a literatura brasileira infantil escreveu Lobato:

"A nossa Literatura Infantil tem sido, com poucas exceções, pobríssima de arte, e cheia de artifício – fria, desengonçada, pretensiosa. Ler algumas páginas de certos livros de leitura equivale, para rapazinhos espertos, a uma vacina preventiva contra os livros futuros. Esvai-se o desejo de procurar emoções em letra de forma; contrai-se o horror do impresso […]. Felizmente, esboça-se uma reação salutar. Puros homens de letras voltam-se para o gênero tão nobre como outro qualquer."

Em 1922, Lobato publicou a obra Fábulas, uma adaptação “abrasileirada” da obra do francês Jean de La Fontaine, publicada por sua editora Monteiro Lobato & Companhia. Lobato considerava que as moralidades contidas nas fábulas não eram compreendidas de imediato pelo público infantil, que estaria muito mais interessado na diversão da leitura. Assim, no texto de Lobato, Dona Benta fazia a leitura e os moradores do sítio debatiam sobre o texto.
Veja abaixo a fábula A formiga má, adaptação de Monteiro Lobato para a fábula A cigarra e a formiga, e Jean de La Fontaine:

A formiga má
Já houve entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com seu cruel manto de gelo.
A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se nem folhinhas que comesse.
Desprovida, bateu à porta da formiga e implorou – emprestado, notem! – uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
- Que fazia você durante o bom tempo?
- Eu…eu cantava!…
-Cantava? Pois dance agora, vagabunda! – e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra, morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?
.—
“Os artistas – poetas, pintores, escritores, músicos – são as cigarras da humanidade”.

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